* Um dos primeiros gestos de FHC ao assumir a Presidência, em 1995, foi extinguir, por decreto, a Comissão Especial de Investigação, instituída no governo Itamar Franco e composta por representantes da sociedade civil, que tinha como objetivo combater a corrupção. Em 2001, para impedir a instalação da CPI da Corrupção, FHC criou a Controladoria-Geral da União, órgão que se especializou em abafar denúncias. Atualmente, alguns tentam fazer uma recópia deste ato ao tentar barrar as investigações relevantes do Ministério Público Federal, Polícia Federal e também quanto as punições atribuídas pelo Supremo Tribunal Federal.
Escândalo do Sivam (Primeira grave crise do governo FHC) | 1995
Também acertaram os detalhes de uma viagem do embaixador aos Estados Unidos. Ele foi de carona em um avião do empresário e participou de uma solenidade da Raytheon. Gomes dos Santos, que na época era chefe do Cerimonial de FHC, foi acusado de tráfico de influência em benefício da empresa, da qual Assumpção é o representante no Brasil.
Também nas conversas surgiu o nome do então ministro da Aeronáutica, brigadeiro Mauro Gandra, que estava na linha de frente das negociações do Sivam. O empresário Assumpção contou ao embaixador que recebera Gandra em sua casa, em Belo Horizonte, por dois dias.
FHC ficou sabendo do caso por intermédio de Francisco Graziano, seu ex-secretário particular no Palácio e que, na época do grampo da PF, era presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
Resultado da confusão: Graziano, Gandra e Santos deixaram o governo. E o projeto se transformou em alvo de investigações na Câmara, no Senado e no Ministério Público Federal.
"A Atech, nacional, foi contratada sem licitação por uma questão de segurança, porque é ela quem vai centralizar as informações colhidas pelos equipamentos. Essa CPI não poderia acabar sem conhecermos as verdadeiras relações dessa empresa com a americana Raytheon", declarou o deputado Chinaglia, que por duas vezes tentou prorrogar os trabalhos da comissão, mas não conseguiu por falta de quórum na sessão.
O fato é que a CPI, esvaziada, não investigou nada relacionado a empresas, sob o argumento de que o Ministério Público e o Tribunal de Contas da União já haviam feito esse trabalho -apesar dessa atuação ainda não ter gerado nenhuma consequência prática para os personagens envolvidos no caso. A CPI elegeu como alvo o embaixador Santos, que teve seu sigilo bancário quebrado parcialmente. Não houve rastreamento de suas contas no exterior. O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão do Ministério da Fazenda que investiga lavagem de dinheiro, alegou que o pedido feito pelos deputados tinha "abrangência incomensurável e bastante genérica".
Além de Antônio Carlos Magalhães, integravam a lista nomes de destaque no cenário político nacional, como o do senador José Sarney, e os deputados federais Renan Calheiros, de Alagoas, Ricardo Fiúza, de Pernambuco e Benito Gama, da Bahia. Os nomes de outros candidatos a governador também figuravam na lista, como Joaquim Francisco, por Pernambuco, e José Agripino Maia, pelo Rio Grande do Norte. Nenhum político foi punido por causa do escândalo.
Envolvidos: Ângelo Calmon de Sá (administrador, ex-banqueiro), Antonio Carlos Magalhães (ex-governador da Bahia, ex-senador (PFL-BA)
Envolvidos: Antonio Carlos Magalhães (Ex-governador da Bahia, ex-senador (PFL-BA); Ângelo Calmon de Sá
Precatórios | 1997
Envolvidos: Celso Pitta (economista, ex-prefeito de São Paulo (PPB, atual PP), Paulo Maluf (ex-governador e ex-prefeito de São Paulo; atual deputado federal (PP-SP), Divaldo Suruagy (ex-governador), Eduardo Campos (Governador de Pernambuco), Enrico Picciotto, Fábio Barreto Nahoum, Paulo Afonso Vieira, Ronaldo Ganon, Wagner Baptista Ramos
Frangogate | 1997
Nem a merenda escolar dos alunos da rede pública foi poupada das garras da corrupção. Em 1996, foram descobertas irregularidades na compra de 823 toneladas de frango congelado para merenda escolar da escolas municipais de São Paulo, quando Paulo Maluf era prefeito da capital. O pagamento - 1,4 milhão de reais - foi feito a uma empresa do cunhado de Maluf (que havia perdido a licitação), e as aves vieram de uma granja pertencente à família Maluf, a Obelisco. A prefeitura havia realizado uma licitação para escolher a empresa responsável pelo fornecimento de cortes congelados de coxa para escolas municipais. A Frigobrás, do grupo Sadia, venceu a disputa oferecendo o frango a 1,66 real o quilo. Em maio daquele ano, porém, a empresa pediu autorização para subir o preço, devido ao encarecimento da ração usada para alimentar as aves. Com o pedido negado e o contrato rompido, a prefeitura determinou que o fornecimento passasse a ser feito pela A D'Oro, segunda colocada na licitação – e propriedade de Fuad Lutfalla, irmão de Sylvia Maluf, mulher do ex-prefeito. A empresa havia proposto o frango ao preço de 1,73 real o quilo. O contrato com a A D’Oro foi feito sem licitação.
Envolvidos: Paulo Maluf (ex-governador e ex-prefeito de São Paulo; atual deputado federal (PP-SP), Sylvia Maluf
No ano seguinte, o leilão da Telebrás gerou para o Tesouro a quantia de 22 bilhões de reais. Em 2001, o ex-senador Antonio Carlos Magalhães fez uma acusação pesada a respeito da privatização das teles. Segundo ele, o consórcio Telemar teria feito um acerto para pagamento de 90 milhões de reais a Ricardo Sérgio de Oliveira, então maestro de coxia dos negócios da Previ, o poderoso fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, para levar o negócio. A acusação nunca foi comprovada.
O texto recomendou que a Procuradoria-Geral da República investigasse o envolvimento de Sérgio Motta, que as Assembleias do Acre e do Amazonas cuidassem dos governadores e que a Câmara tratasse do caso dos deputados. Sérgio Motta, Amazonino Mendes e Orleir Cameli, bem como os deputados, foram inocentados por falta de provas. A emenda da reeleição acabou sendo aprovada no Senado e o presidente Fernando Henrique conquistou um segundo mandato.
Dossiê Cayman | 1998
O conjunto de documentos que veio a público em agosto de 1998 é considerado uma das maiores fraudes políticas do Brasil. Com base em papéis falsos, o material ligava o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-governador paulista Mário Covas e os ex-ministros José Serra e Sérgio Motta a uma empresa chamada CH, J & T Inc, que teria 368 milhões de dólares em uma conta no Caribe. O saldo sugeria enriquecimento ilícito durante a administração pública. Na ocasião, FHC disputava a reeleição presidencial e Covas tentava reeleger-se governador de São Paulo. O ex-presidente Fernando Collor de Mello e o seu irmão Leopoldo Collor de Mello foram os autores da "denúncia".
Cópias do documento foram distribuídas entre adversários do PSDB: José Dirceu, Paulo Maluf, Ciro Gomes, Marta Suplicy, Leonel Brizola e Benedita da Silva, além do ex-ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O nome de todos eles consta no inquérito aberto pela PF para investigar o caso – a apuração contou, ainda, com o apoio do FBI, a polícia federal americana. Até hoje, apenas uma pessoa foi condenada por envolvimento no caso.
Envolvidos: Fernando Collor de Mello (ex-presidente, atual senador (PTB-AL), Paulo Maluf (ex-governador e ex-prefeito de São Paulo; atual deputado federal (PP-SP), Caio Fábio D'Araújo, Honor Rodrigues da Silva, Leopoldo Collor de Mello, Luiz Claudio Ferraz, Raymundo Nonato Lopes Pinheiro
Em novembro de 1998, VEJA revelou grampos telefônicos em que o ex-ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, e o então presidente do BNDES, André Lara Resende, discutiam formas de beneficiar o banco Opportunity, de Daniel Dantas, na aquisição do melhor quinhão do leilão de privatização da Telebrás. Em uma das gravações, Mendonça de Barros, Lara Resende e Persio Arida - sócio de Dantas no Opportunity - aparecem negociando com a Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil, para que se una ao banco a fim de formar um consórcio e arrematar a Tele Norte Leste.
O consórcio foi formado, mas a Tele Norte Leste acabou sendo arrematada por um grupo rival, liderado por Carlos Jereissati. À época, o leilão tornou possível a mais ousada privatização do Brasil até então e arrecadou 22 bilhões de reais. O grampo do BNDES foi realizado ilegalmente pela Agência Brasileira de Inteligência, a Abin.
Envolvidos: André Lara Resende (economista, empresário, presidente do BNDES no governo FHC), Daniel Dantas (Banqueiro), Luiz Carlos Mendonça de Barros (economista, empresário, ministro das comunicações, presidente do BNDES no governo FHC), Ricardo Sérgio de Oliveira (economista e ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil no governo FHC, ex-tesoureiro de campanhas tucanas
Máfia dos fiscais | 1998
Descoberto em 1998, quando a prefeitura da capital paulista estava sob o comando de Celso Pitta, o escândalo expôs a ladroagem praticada por funcionários da prefeitura, capitaneados por um grupo de vereadores da cidade. Uma onda inédita de denúncias, a partir da prisão de um fiscal que tentava extorquir a dona de uma academia, revelou que as administrações regionais da cidade tinham sido loteadas entre os vereadores, que chefiavam uma máfia de fiscais empenhados em extorquir pequenos comerciantes, vendedores ambulantes e empresas responsáveis pela coleta de lixo. O esquema teria movimentado ao menos 436 milhões de reais.
Deu no quê?
Esse tornou-se um dos poucos casos de corrupção no Brasil cuja investigação resultou em punição integral dos envolvidos. Na época, mais de 400 pessoas foram indiciadas e 70 denúncias foram encaminhadas à Justiça. Destacou-se pelo efeito prático de promover direta e indiretamente uma renovação de 50% na Câmara Municipal de São Paulo, ocorrida nas eleições de 2000.
Envolvidos: Alfredo Mario Savelli, Celso Pitta (economista, ex-prefeito de São Paulo (PPB, atual PP), Hanna Garib, José Izar, Maeli Vergniano, Maria Helena Fontes, Nicéa Camargo, Vicente Viscome
Caso Marka/FonteCindam | 1999
Logo após a desvalorização cambial de janeiro de 1999, o Banco Central vendeu dólares a preços mais baratos aos bancos Marka e FonteCindam, com a intenção de impedir que as duas instituições financeiras quebrassem, o que abalaria o sistema financeiro do país. O banco Marka, de Salvatore Cacciola, possuía 20 vezes seu patrimônio líquido aplicado em contratos de venda no mercado futuro de dólar. Com a desvalorização, o ex-banqueiro não teve como honrar os compromissos e pediu ajuda ao Banco Central. A operação resultou em um prejuízo de 1,5 bilhão de reais aos cofres públicos, segundo a CPI que apurou o caso. Dois meses depois da desvalorização do real, Francisco Lopes, ex-presidente do Banco Central, pediu demissão.
Pouco tempo depois, testemunhas afirmaram que Cacciola comprava informações privilegiadas do BC. O próprio banqueiro chegou a afirmar, em depoimento à CPI dos Bancos, que pagava 125.000 reais mensais a um alto funcionário do BC para obter estas informações. O informante do banqueiro teria garantido que a mudança do câmbio aconteceria apenas em fevereiro. Apostando nessa informação, Cacciola quebrou seu banco e o fundo de investimentos do qual era sócio – mas recebeu ajuda do BC para salvá-lo. O FonteCindam de Antônio Gonçalves viveu situação semelhante e também foi resgatado.
Envolvidos: Francisco Lopes, Luiz Antônio Gonçalves, Salvatore Cacciola (ex-banqueiro)
Desvios de Verbas do TRT-SP | 1999
O prédio do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo tornou-se, em 1999, um verdadeiro monumento à corrupção. A construção teve início em 1992 – e seis anos depois ainda não havia sido concluída. Tamanho atraso fica fácil de ser entendido se analisadas as cifras da obra: o prédio torrou 230 milhões de reais dos cofres públicos, mas apenas 70 milhões de reais foram efetivamente destinados ao projeto. O restante do dinheiro foi desviado pelo esquema chefiado pelo juiz Nicolau dos Santos Neto, o Lalau, em parceria com o então senador Luiz Estevão, do PMDB. O esquema veio à tona a partir da CPI instaurada no Senado para investigar o Poder Judiciário, em março de 1999. A comissão foi criada a pedido do então senador Antônio Carlos Magalhães, morto em 2007, a partir de denúncias de corrupção nos tribunais brasileiros. O mais incrível é que, até ser descoberta, a farra se deu com o aval de várias autoridades, como o Tribunal de Contas da União (TCU), o Legislativo, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) e o próprio ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que liberou 52 milhões de reais para a obra, mas afirmou não ter lido o que assinou. Em agosto de 2012, em acordo inédito feito com a Advocacia-Geral da União, Luiz Estevão concordou em devolver aos cofres públicos 468 milhões de reais. No mês seguinte, a Justiça da Suíça decretou a devolução de parte da fortuna do ex-juiz Lalau, resguardada no paraíso fiscal há duas décadas. Ao todo, 6,8 milhões de dólares que estavam congelados serão entregues à União.
Garotinho e a turma do Chuvisco | 2000
O escândalo Em abril de 2000, Anthony Garotinho, então governador do Rio de Janeiro, enfrentou uma enxurrada de denúncias que atingiam o alto escalão de seu governo. Boa parte das acusações recaía sobre os integrantes da chamada Turma do Chuvisco, assessores que acompanhavam o governador desde Campos, sua cidade natal e base política. O grupo, cujo nome faz referência a um doce de ovo típico de Campos, era acusado de favorecer empresas em concorrências públicas e firmar contratos sem licitação. Com o passar dos anos, Garotinho acrescentou crimes cada vez mais graves ao currículo – e acabou na mira da Polícia Federal. A Operação Segurança Pública S.A., de 2008, resultou em seu indiciamento por quadrilha armada, sob a suspeita de ter usado seu período no Palácio Guanabara (e também o de sua mulher, Rosinha) para acobertar as ações de um grupo de policiais que, encastelados na chefia da Polícia Civil, barbarizou o Rio de Janeiro cometendo ilícitos variados. A lista inclui facilitação de contrabando, formação de quadrilha, proteção a contraventores, cobrança para nomeação de delegados, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva. Nunca antes um político tão proeminente havia sido acusado de crime tão grave.
Envolvidos: Anthony Garotinho (ex-governador do Rio de Janeiro, atual deputado federal (PR-RJ), Álvaro Lins (x-diretor da Polícia Civil do Rio de Janeiro, ex-deputado estadual (PMDB-RJ), Antônio Oliboni (advogado, ex-secretário de Justiça do Rio de Janeiro), Carlos Augusto Siqueira, Eduardo Cunha, Paulo Gomes dos Santos Filho, Ranulfo Vidigal Ribeiro
Sudam | 2001
O escândalo veio à tona em 2000, quando uma auditoria do governo detectou fraudes em projetos apresentados à Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) que resultaram em um rombo de 100 milhões de reais aos cofres públicos. Uma investigação da Polícia Federal iniciada dois anos antes também verificou um portentoso esquema de corrupção operado na autarquia, que até então havia sangrado os cofres públicos em pelo menos 360 milhões de reais e estava planejado para, com o passar do tempo, alcançar a assombrosa cifra de 1,5 bilhão de reais. Por meio de grampos telefônicos autorizados pela Justiça, a PF conseguiu ainda descobrir as ligações da máfia com autoridades em Brasília. As transcrições das 369 conversas exibem todo o arsenal da corrupção: suborno, propina, saques. E também a proximidade do então senador Jader Barbalho com os golpistas. Primeiro, seu nome apareceu na boca dos fraudadores grampeados em diálogos nos quais eles festejavam a eleição de Jader à presidência do Senado. Mais tarde, descobriu-se que o senador tivera uma sociedade com um dos mais notórios fraudadores da Sudam, Osmar Borges. Meses depois, a companhia Centeno & Moreira – cuja dona era a mulher de Barbalho, Márcia Cristina Zaluth Centeno - tornou-se suspeita de ter desviado 9 milhões de reais dos cofres da autarquia. A Sudam, responsável por fomentar o progresso na região da Amazônia Legal – que engloba os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia, Roraima, Tocantins e Pará -, era considerada um feudo político do senador, que indicou dois superintendentes da autarquia – afastados posteriormente das funções por envolvimento em corrupção. Atualmente, 58 acusados de envolvimento no esquema respondem a processo na Justiça por fraudes contra o sistema financeiro.
Envolvidos: Jader Barbalho, Geraldo Pinto da Silva, José Artur Guedes Tourinho (Diretor da Junta Comercial do Paraná), José Osmar Borges, José Priante, Márcia Cristina Zahluth Centeno, Maria Auxiliadora Barra Martins, Maurício Benedito Vasconcelos
Violação do painel do Senado | 2001
Envolvidos: Antonio Carlos Magalhães (ex-governador da Bahia, ex-senador (PFL-BA), Heitor Ledur (arquiteto; ex-técnico de Informática do Prodasen - Serviço de Processamento de Dados do Senado), Ivar Alves Ferreira (ex-analista de Informática do Prodasen), José Roberto Arruda (ex-senador e ex-governador do DF (DEM)
Bunker petista | 2002
Em outubro de 2003, um ano após a vitória de Lula, VEJA revelou o contraste entre a imagem do candidato 'paz e amor' e os bastidores da campanha petista. Um grupo de antigos amigos e sindicalistas da CUT montou um QG nos Jardins, em São Paulo, com a missão de desencavar denúncias e montar dossiês contra adversários. Entre os alvos: José Serra, Ciro Gomes e Anthony Garotinho.
Envolvidos: Luiz Inácio Lula da Silva (Ex-presidente da República (2003-2010) e ex-deputado federal; sindicalista; metalúrgico), Ricardo Berzoini (Ex-ministro da Previdência e do Trabalho no governo Lula, ex-presidente do PT e deputado federal em seu quarto mandato (PT-SP), Carlos Alberto Grana (Deputado estadual; prefeito eleito de Santo André), João Piza (Advogado), Osvaldo Bargas (Sindicalista), Wagner Cinchetto (Sindicalista)
Caso Celso Daniel | 2002
Caso Lunus | 2002
Uma batida da Polícia Federal autorizada pela Justiça encontrou, em março de 2002, 1,34 milhão de reais no cofre da Lunus – empresa de Jorge Murad em parceria com sua mulher, a então senadora Roseana Sarney. As investigações ainda apontaram que a Lunus mantinha sociedade oculta com uma empresa que teria desviado até 15 milhões de reais num projeto agrícola financiado pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
O escritório de Roseana mantinha em arquivo papéis referentes à obra da Usimar Componentes Automotivos, um escândalo de proporções amazônicas envolvendo dinheiro público. O projeto, que previa o gasto de 1,38 bilhão de reais na construção de uma fábrica de produção de peças para carros, teve a ajuda de Jorge Murad nos bastidores e foi aprovado em 1999 pelo conselho deliberativo da Sudam, que era presidido por Roseana. Para dimensionar o escândalo, basta saber que a Usimar custaria pelo menos dez vezes mais que uma fábrica de autopeças semelhante. O escândalo Lunus acabou custando a Roseana a candidatura à Presidência, que disputaria naquele ano.
Envolvidos: Roseana Sarney (Ex-deputada federal eleita pelo PFL-MA (91/95), ex-senadora e governadora do Maranhão em seu terceiro mandato (PMDB-MA), Jorge Murad (Empresário e ex-secretário do governo do Maranhão)
Escândalo da Administração de Paulo Maluf
Precatórios
Envolvimento
Prefeito de São Paulo na época da emissão dos títulos, foi acusado pelo Ministério Público de ter apresentado declarações falsas para obter do Senado e do Banco Central a autorização para o lançamento dos papéis. Durante sua gestão, a prefeitura emitiu títulos no valor de quase 1 bilhão de reais - dos quais 607.076 foram desviados pelo ex-prefeito.
O que aconteceu?
A acusação de improbidade administrativa lhe rendeu, em 1998, uma condenação à perda dos direitos políticos - e o ex-prefeito recorreu da sentença. Por ter completado 70 anos, ficou livre das acusações dos crimes de responsabilidade e falsidade ideológica em 2001. Isso porque a lei prevê que a pena de pessoas dessa idade seja reduzida à metade, bem como o prazo para prescrição dos crimes. Em outubro de 2012, a Justiça de São Paulo condenou o ex-prefeito a devolver aos cofres públicos mais de 21,3 milhões de reais. O valor é referente a prejuízos de operações financeiras com papéis do Tesouro Municipal no período em que o deputado federal era prefeito de São Paulo, entre 1993 e 1996. Esgotados os recursos em primeira instância, em 20 de setembro, a juíza Liliane Keyko Hioki, da 3ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, atendeu pedido do Ministério Público, feito com base em uma ação apresentada em 1996. O deputado vai recorrer da decisão ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Entenda
Até o ano de 1996 eram poucos os brasileiros familiarizados com o termo precatórios - dívidas do poder público já calculadas pela Justiça e contra as quais não há mais possibilidade de recurso ou contestação. Naquele ano, porém, uma agitada CPI popularizou a palavra no país. Estados e municípios foram autorizados pela Constituição de 1988 a emitir títulos financeiros para quitar os débitos judiciais acumulados. O problema é que o processo de lançamento desses papéis acabou marcado por falcatruas, a mais notória delas a aplicação de uma metodologia capaz de superestimar o total de débitos.
Grande parte da verba desviada foi utilizada em financiamento de campanhas e pagamentos a empreiteiras. A CPI apurou irregularidades nos estados de Alagoas, Pernambuco e Santa Catarina, além da cidade de São Paulo, na gestão do então prefeito, Paulo Maluf. Durante a apuração, bancos e corretoras foram liquidados mais de 60 pessoas tiveram seus bens bloqueados.
Escândalo do BNDES (verbas para socorrerem ex-estatais privatizadas)
Escândalo da Telebrás
Telefônia Celular
A encrenca envolve quatro empresas: BCP, Americel, BSE e Maxitel. As três primeiras são controladas pela Claro. A última pertence à TIM. As empresas não reconhecem a dívida.
Escândalo da Venda da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD)
Escândalo da Previdência
Escândalo da Administração do PT (primeira denúncia contra o Partido dos Trabalhadores desde a fundação em 1980, feito pelo militante do partido Paulo de Tarso Venceslau)
Do Diário de SP – Revista Época de 27/06/2003 / Copiado do Blog Boca Maldita
Políticos como José Serra (PSDB) e Jorge Bornhausen (PFL) constam de relatórios da Polícia Federal que mostram a existência de ordens de pagamento e registros de movimentações financeiras do esquema de lavagem de US$ 30 bilhões por meio da agência bancárias do Banestado de Foz do Iguaçu (PR).
Um dos principais documentos é o dossiê AIJ 000/03, de 11 de abril de 2003, assinado pelo perito criminal da Polícia Federal Renato Rodrigues Barbosa – que chegou ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, com um carimbo de “confidencial”. O perito e o delegado José Francisco Castilho Neto identificaram pessoas físicas e jurídicas que estariam usando o esquema de remessa de dinheiro do Brasil para o exterior.
O dossiê AIJ000/03 traz a indicação de José Serra, o mesmo nome do ex-ministro da Saúde e ex-presidenciável tucano. O AIJ004 aponta apenas S. Motta, que os policiais suspeitam ser o ex-ministro das Comunicações Sérgio Motta, que já morreu. O dossiê AIJ001 mostra transações financeiras do senador Jorge Konder Bornhausen, presidente nacional do PFL, e do seu irmão Paulo Konder Bornhausen. Já o dossiê AIJ002 aponta o nome do empreiteiro Wigberto Tartuce, ex-deputado federal por Brasília.
No caso de José Serra, há extratos fornecidos pelo banco americano JP Morgan Chase. O nome do ex-ministro, que segundo relatório dos policiais pode ser um homônimo, surge em uma ordem de pagamento internacional de US$ 15.688. O dinheiro teria saído de uma conta denominada “Tucano” e sido transferido para a conta 1050140210, da empresa Rabagi Limited, no Helm Bank de Miami, nos EUA. Serra é apontado como o remetente dos recursos. Isto seria uma indicação de que ele teria poderes para movimentar diretamente a conta Tucano. Entre 1996 e 2000, essa conta recebeu US$ 176,8 milhões, segundo a PF.
A Polícia Federal acredita ter descoberto uma pista para rastrear dinheiro que o ex-presidente Fernando Collor manteria em paraísos fiscais. O indício surgiu durante as investigações sobre o Dossiê Cayman, um conjunto de papéis que forjaram a existência de uma conta nas Ilhas Cayman atribuída ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a outros tucanos. O inquérito sobre o Dossiê Cayman foi entregue ontem à Justiça Federal, incluindo Collor e o irmão dele, Leopoldo, entre os 16 indiciados pela fraude.
Ao final do relatório, os delegados Paulo de Tarso Teixeira e Jorge Ponte sugerem que novas investigações sejam abertas para comprovar o envolvimento de outras pessoas na tentativa de explorar politicamente o dossiê.
A nova linha de investigação que a PF poderá seguir, se a Justiça Federal autorizar, passa pelo rastreamento da empresa Eagle International, com sede no Uruguai. Essa empresa, segundo a PF, foi usado por Collor e Leopoldo para pagar pela compra do dossiê forjado.
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Escândalo da Encol
Escândalo do Banespa
Envolvidos: Alfredo Mario Savelli (Engenheiro, ex-secretário das Administrações Regionais); Celso Pitta; Hanna Garib; José Izar; Maeli Vergniano; Maria Helena Fontes; Nicéa Camargo; Vicente Viscome
Escândalo dos Grampos Contra FHC e Aliados ou Grampos do BNDES | 1998
Envolvidos: André Lara Resende (Economista, empresário, presidente do BNDES no governo FHC - abr/nov.1998); Daniel Dantas; José Pio Borges; Luiz Carlos Mendonça de Barros; Ricardo Sérgio de Oliveira
Escândalo do Judiciário
Escândalo dos Bancos
CPI do Narcotráfico
CPI do Crime Organizado
Escândalo de Corrupção dos Ministros no Governo FHC
Escândalo da Banda Podre
Escândalo dos Medicamentos (grande número de denúncias de remédios falsificados ou que não curaram pacientes)
Quebra do Monopólio do Petróleo (criação da ANP)
Escândalo da Transbrasil
Escândalo da Pane DDD do Sistema Telefônico Privatizado (o 'caladão')
Escândalo do Garotinho e a turma do Chuvisco
Envolvidos: Anthony Garotinho (Ex-governador do Rio de Janeiro, atual deputado federal (PR-RJ); Álvaro Lins; Antônio Oliboni; Carlos Augusto Siqueira; Eduardo Cunha; Paulo Gomes dos Santos Filho; Ranulfo Vidigal Ribeiro
Escândalo da Administração da Roseana Sarney (Maranhão)
Corrupção na Prefeitura de São Paulo (ou Caso Celso Pitta)
Escândalo da Sudam
Escândalo da Sudene
Escândalo do Banpará
Escândalo da Quebra do Sigilo do Painel do Senado ou Violação do Painel do Senado | 2001
Envolvidos: Antonio Carlos Magalhães (Ex-governador da Bahia, ex-senador (PFL-BA); Heitor Ledur; Ivar Alves Ferreira; José Roberto Arruda; Regina Borges
Escândalos no Senado em 2001Escândalo da Administração de Mão Santa (Piauí)
Abuso de Medidas Provisórias (5.491)
Lista de Furnas - Tucanoduto
Os candidatos do PSDB teriam ficado com mais de dois terços (68,3%) dos R$39,9 milhões que teriam sido distribuídos a 156 políticos por empresas fornecedoras da última grande estatal do ramo elétrico. O PFL fica com um segundo lugar bem distante, 9,3%.
Mas, segundo a "Lista", o dinheiro do PSDB não teria sido distribuído por igual. O grosso foi para três candidatos, que disputavam os três cargos mais importantes do esquema eleitoral tucano em 2002: José Serra, que pleiteava a Presidência, Geraldo Alckmin, candidato a governador de São Paulo, e Aécio Neves, que concorreu ao governo de Minas. Os três, conforme a "Lista", triam ficado com mais da metade do dinheiro do esquema de Furnas. Os demais 153 políticos que constam na "Lista" teriam dividido os 45,4% que restaram.
*A filiação partidária dos 156*
O primeiro destaque é para o deputado ACM Neto (PFL-BA), que tem se salientado pela estridência de seu desempenho na comissão. Ele teria recebido R$ 75 mil do esquema de Furnas. Quanto ao PSDB, constam da "Lista" três dos seus quatro deputados que são titulares ou suplentes da CPI. Figuram também entre os 156 um membro da CPI dos Correios pertencente ao PL e dois dos quadros do PTB.
Segundo publicado no portal “Conversa Afiada” ontem (11/01/2012), “os delegados da Polícia Federal Praxedes e Zamprogna (o do mensalão) concluíram investigação sobre a Lista, atestaram a autenticidade da dita cuja e, com uma relação de insignes indiciados, encaminharam tudo ao Ministério Público Federal. A bomba está nas mãos da Procuradora Andrea Beltrão, do Ministério Público Federal do Rio, onde fica a sede de Furnas”.
Mas, segundo a "Lista", o dinheiro do PSDB não teria sido distribuido por igual. O grosso foi para três candidatos, que disputavam os três cargos mais importantes do esquema eleitoral tucano em 2002: José Serra, que pleiteava a Presidência, Geraldo Alckmin, candidato a governador de São Paulo, e Aécio Neves, que concorreu ao governo de Minas. Os três, conforme a "Lista", teriam ficado com mais da metade do dinheiro do esquema de Furnas. Os demais 153 políticos que constam na "Lista" teriam dividido os 45,4% que restaram.
A FILIAÇÃO PARTIDÁRIA DOS 156
O PSDB também é o primeiro colocado em número de políticos entre os 156 citados no esquema que seria operado pelo então presidente de Furnas, Dimas Toledo, levado ao cargo pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. São 47 tucanos na lista, cinco deles candidatos a cargos majoritários. O PFL (DEM) comparece com 33 candidatos, apenas um a cargo majoritário (senador).
O primeiro destaque é para o deputado ACM Neto (PFL(DEM)-BA), que tem se salientado pela estridência de seu desempenho. Ele teria recebido R$ 75 mil do esquema de Furnas. Quanto ao PSDB, constam da "Lista" três dos seus quatro deputados que são titulares ou suplentes da CPI. Figuram, também, entre os 156 um membro da CPI dos Correios pertencente ao PL e dois dos quadros do PTB.
CAIXA 2 DE FURNAS - DIMAS TOLEDO - 39.910 MILHÕES DE REAIS [valores não corrigidos monetariamente. Para atualizá-los, devemos multiplicar por cinco, aproximadamente].
Os dados a seguir foram transpostos para a planilha, para facilitar a visualização, sendo transcrição exata e fiel do conteúdo dos documentos oficiais:
José Serra PSDB-SP--- 7.000.000,00
GOVERNADOR-SP
Geraldo Alckimin PSDB-SP--- 9.300.000,00
GOVERNADOR-MG
Aécio Neves PSDB-MG--- 5.500.000,00
Sérgio Cabral PMDB-RJ--- 500.000,00
Arthur da Távola PSDB-RJ--- 350.000,00
Marcelo Crivella PL-RJ--- 250.000,00
TOTAL DE SENADOR RJ--- 1.100.000 ,00
SENADOR-MG
Hélio Costa PMDB-MG--- 400.000,00
Zezé Perrella PFL-MG--- 350.000,00
TOTAL DE SENADOR MG--- 1.300.000,00
DEPUTADOS POR ESTADOS
DEPUTADOS-BA
Paulo Magalhães PFL-BA--- 250.000,00
Fábio Souto PFL-BA--- 200.000,00
ACM Neto PFL-BA--- 150.000,00
Luiz Carreira PFL-BA--- 100.000,00
Jairo Carneiro PFL-BA--- 100.000,00
João Almeida PSDB-BA--- 75.000,00
Gerson Gabrielli PFL-BA--- 75.000,00
João Leão PL-BA--- 75.000,00 PP
Rogério Nunes BA--- 75.000,00
José Carlos Aleluia PFL-BA--- 75.000,00
José Rocha PFL-BA--- 70.000,00
Aroldo Cedraz PFL-BA--- 50.000,00
Coriolano Sales PFL-BA--- 50.000,00
TOTAL DE BA--- 1.615.000 ,00
DEPUTADOS-ES
José Carlos Fonseca / Francisco Gomide PFL-ES--- 100.000,00
Nilton Baiano PPB-ES--- 50.000,00 PP
TOTAL DE ES--- 500.000 ,00
TOTAL DE MA--- 100.000 ,00
DEPUTADOS-MG
Danilo de Castro PSDB-MG--- 250.000,00
Mauro Lopes PMDB-MG--- 200.000,00
Anderson Adauto PL-MG--- 200.000,00
Saraiva Felipe PMDB-MG--- 150.000,00
Herculano Anghinetti PSDB-MG--- 150.000,00
Osmânio Pereira PSDB-MG--- 150.000,00
Toninho Andrada PSDB-MG--- 150.000,00
Márcio Reinaldo PPB-MG--- 150.000,00 PP
Vanessa Lucas PSDB-MG--- 150.000,00
José Militão PTB-MG--- 150.000,00
Márcio Reinaldo Dias Moreira PPB-MG--- 150.000,00 PP
João Leite PSB-MG--- 150.000,00
Gil Pereira PPB-MG--- 150.000,00 PP
Agostinho Patrus PTB-MG--- 150.000,00
Ana Maria Vieira PSDB-MG--- 150.000,00
Antônio Júlio PSDB-MG--- 150.000,00
Alencar da Silveira Jr. PDT-MG--- 150.000,00
Carlos Melles PFL-MG--- 100.000,00
Roberto Brant PFL-MG--- 100.000,00
Ronaldo Vasconcelos PMDB-MG--- 100.000,00
Nárcio Rodrigues PSDB-MG--- 100.000,00
Odelmo Leão PPB-MG--- 100.000,00 PP
Marcelino Siqueira MG--- 100.000,00
Jaiminho Martins PFL-MG--- 100.000,00
João Magalhães PMDB-MG--- 100.000,00
Júlio Delgado PPS-MG--- 100.000,00
Aracely de Paula PL-MG--- 100.000,00
José Santana PL-MG 100.000,00
Mário Assad Jr. PL-MG--- 100.000,00
Sebastião Navarro PFL-MG--- 100.000,00
Djalma Diniz PSDB-MG--- 100.000,00
Luiz Humberto Carneiro PSDB-MG--- 75.000,00
Alberto Bejani PTB-MG--- 75.000,00
Jairo Lessa PL-MG--- 75.000,00
Athos PPS-MG--- 75.000,00
Pastor George PTB-MG--- 75.000,00
Pinduca Ferreira PPB-MG--- 75.000,00 PP
Bispo Gilberto PMDB-MG--- 75.000,00
Reminho Aloise PFL-MG--- 75.000,00
Domingos Sávio PSDB-MG--- 75.000,00
Ermano Batista PSDB-MG--- 75.000,00
Elbe Brandão PSDB-MG--- 75.000,00
Paulo Piau PPS-MG--- 75.000,00
Gustavo Valadares PFL-MG--- 75.000,00
Custódio Mattos PSDB-MG--- 75.000,00
Paulo César DE Freitas PRTB-MG--- 75.000,00
Fábio Avelar PTB-MG--- 75.000,00
Leonardo Quintão PMDB-MG--- 55.000,00
Fahim Sawan PSDB-MG--- 55.000,00
Sebastião Costa da Silva PFL-MG--- 55.000,00
Amílcar Martins MG--- 55.000,00
Ermano Batista PSDB-MG--- 55.000,00
Romeu Anízio Jorge PPB-MG--- 55.000,00 PP
Dilzon Melo PTB-MG--- 55.000,00
Maria Olívia PSDB-MG--- 55.000,00
Mário Rodrigues MG--- 40.000,00
Rafael Guerra PSDB-MG--- 40.000,00
Eduardo Barbosa PSDB-MG--- 35.000,00
TOTAL DE MG--- 6.155.000 ,00
DEPUTADOS-MT
TOTAL DE MT--- 100.000 ,00
DEPUTADOS-PE
Severino Cavalcante PPB-PE--- 180.000,00
Joaquim Francisco PFL-PE--- 150.000,00
Armando Monteiro PTB-PE--- 150.000,00
Pedro Correa PPB-PE--- 150.000,00
Raul Jungmann PMDB-PE--- 150.000,00
José Múcio PTB-PE--- 150.000,00
DEPUTADOS-PI
Ciro Nogueira PPB-PI--- 150.000,00 PP
DEPUTADOS-PR
José Borba PMDB-PR--- 150.000,00
Francisco Luiz Gomide PR--- 100.000,00
Affonso Camargo PSDB-PR--- 75.000,00
Aberlardo Lupion PFL-PR--- 75.000,00
Ricardo Barros PPB-PR--- 75.000,00 PP
Eduardo Sciarra PFL-PR--- 75.000,00
Affonso Camargo PSB-PR--- 50.000,00
TOTAL DE PR--- 750.000 ,00
DEPUTADOS-RJ
Márcio Fortes PSDB-RJ--- 150.000,00
Alexandre Santos PSDB-RJ--- 100.000,00
Alice Tamborindeguy PSDB-RJ--- 100.000,00
Andréia Zito PSDB-RJ--- 70.000,00
Luiz Paulo PSDB-RJ--- 70.000,00
Eduardo Paes PSDB-RJ--- 250.000,00
Francisco Dornelles PPB-RJ--- 200.000,00
Rodrigo Maia PFL-RJ--- 200.000,00
Arold de Oliveira PFL-RJ--- 150.000,00
Bispo Rodrigues PL-RJ--- 150.000,00
Washinton Reis PMDB-RJ--- 100.000,00
Leonardo Picciane PMDB-RJ--- 100.000,00
Nelson Bornier PMDB-RJ--- 100.000,00
Eduardo Cunha PMDB-RJ--- 100.000,00
Roberto Jefferson PTB-RJ--- 75.000,00
Almerinda de Carvalho PMDB-RJ--- 75.000,00
Dr. Carlão PRONA-RJ--- 75.000,00
Jair Bolsonaro PPB-RJ--- 50.000,00
Simão Sessim PPB-RJ--- 50.000,00
Júlio Lopes PPB-RJ--- 50.000,00
Dr. Heleno PSC-RJ--- 50.000,00
Pastor Almir PL-RJ--- 50.000,00
TOTAL DE RJ--- 2.465.000 ,00
DEPUTADOS-SC
Zonta PPB-SC--- 75.000,00 PP
Paulo Bauer PFL-SC--- 75.000,00 PSDB
Serafim Venzon PSDB-SC--- 75.000,00
João Pizzolatti PPB-SC--- 75.000,00 PP
Fernando Coruja PPS-SC--- 75.000,00
TOTAL DE SC--- 450.000 ,00
DEPUTADOS-SP
Vadão Gomes PPB-SP--- 150.000,00
Antonio Carlos Pannunzio PSDB-SP--- 150.000,00
Aberto Goldman PSDB-SP--- 150.000,00
Walter Feldman PSDB-SP--- 100.000,00
Gilberto Kassab PFL-SP--- 100.000,00
João Batista PFL-SP--- 100.000,00 PP
Luis Antônio Fleury PTB-SP--- 100.000,00
Medeiros PTB-SP--- 100.000,00
Nelson Marquezelly PTB-SP--- 100.000,00
Robson Tuma PFL-SP--- 100.000,00
Arnaldo Faria de Sá PTB-SP--- 100.000,00
Zulaiê Cobra PSDB-SP--- 75.000,00
Chico Sardelli PFL-SP--- 75.000,00 PV
Xico Graziano PSDB-SP--- 75.000,00
Dimas Ramalho PPS-SP--- 75.000,00
Antonio Carlos Mendes PSDB-SP--- 75.000,00
Luiz Carlos Santos PFL-SP--- 70.000,00
João Baptista PFL-SP--- 70.000,00 PP
Aluízio Nunes Ferreira PSDB-SP--- 50.000,00
Carlos Sampaio PSDB-SP--- 50.000,00
Lobbe Neto PSDB-SP--- 50.000,00
Silvio Torres PSDB-SP--- 50.000,00
Walter Barelli PSDB-SP--- 50.000,00
TOTAL DE SP--- 2.265.000 ,00
DEPUTADOS POR PARTIDOS
Marcelino Siqueira MG--- 100.000,00
Amílcar Martins MG--- 55.000,00
Mário Rodrigues MG--- 40.000,00
DEPUTADOS-PDT
TOTAL DO PDT--- 150.000,00
DEPUTADOS-PFL (DEM)
Fábio Souto PFL-BA--- 200.000,00
Rodrigo Maia PFL-RJ--- 200.000,00
Inocêncio de Oliveira PFL-PE--- 185.000,00 PL
ACM Neto PFL-BA--- 150.000,00
Joaquim Francisco PFL-PE--- 150.000,00
José Carlos Fonseca / Francisco Gomide PFL-ES--- 100.000,00
Arold de Oliveira PFL-RJ--- 150.000,00
Luiz Carreira PFL-BA--- 100.000,00
Jairo Carneiro PFL-BA--- 100.000,00
Carlos Melles PFL-MG--- 100.000,00
Roberto Brant PFL-MG--- 100.000,00
Jaiminho Martins PFL-MG--- 100.000,00
Sebastião Navarro PFL-MG--- 100.000,00
Gilberto Kassab PFL-SP--- 100.000,00
João Batista PFL-SP--- 100.000,00 PP
Robson Tuma PFL-SP--- 100.000,00
Gerson Gabrielli PFL-BA--- 75.000,00
José Carlos Aleluia PFL-BA--- 75.000,00
Reminho Aloise PFL-MG--- 75.000,00
Gustavo Valadares PFL-MG--- 75.000,00
Aberlardo Lupion PFL-PR--- 75.000,00
Eduardo Sciarra PFL-PR--- 75.000,00
Gervásio Silva PFL-SC--- 75.000,00
Paulo Bauer PFL-SC--- 75.000,00 PSDB
Robério Nunes PFL-BA--- 75.000,00
Chico Sardelli PFL-SP--- 75.000,00 PV
José Rocha PFL-BA--- 70.000,00
Luiz Carlos Santos PFL-SP--- 70.000,00
João Baptista PFL-SP--- 70.000,00 PP
Sebastião Costa da Silva PFL-MG--- 55.000,00
Aroldo Cedraz PFL-BA--- 50.000,00
Coriolano Sales PFL-BA--- 50.000,00
TOTAL DO PFL(DEM)--- 3.450.000 ,00
DEPUTADOS-PL
Anderson Adauto PL-MG--- 200.000,00
Bispo Rodrigues PL-RJ--- 150.000,00
Remi Trinta PL-MA--- 100.000,00
Aracely de Paula PL-MG--- 100.000,00
José Santana PL-MG--- 100.000,00
Mário Assad Jr. PL-MG--- 100.000,00
João Leão PL-BA--- 75.000,00 PP
Jairo Lessa PL-MG--- 75.000,00
Pastor Almir PL-RJ--- 50.000,00
TOTAL DO PL--- 1.200.000 ,00
DEPUTADOS-PMDB
Saraiva Felipe PMDB-MG--- 150.000,00
Raul Jungmann PMDB-PE--- 150.000,00
José Borba PMDB-PR--- 150.000,00
Ronaldo Vasconcelos PMDB-MG--- 100.000,00
João Magalhães PMDB-MG--- 100.000,00
Washinton Reis PMDB-RJ--- 100.000,00
Leonardo Picciane PMDB-RJ--- 100.000,00
Nelson Bornier PMDB-RJ--- 100.000,00
Eduardo Cunha PMDB-RJ--- 100.000,00
Bispo Gilberto PMDB-MG--- 75.000,00
Almerinda de Carvalho PMDB-RJ--- 75.000,00
Leonardo Quintão PMDB-MG--- 55.000,00
TOTAL DO PMDB--- 1.455.000 ,00
DEPUTADOS-PPB
Francisco Dornelles PPB-RJ--- 200.000,00 PP
Severino Cavalcante PPB-PE--- 180.000,00 PP
Márcio Reinaldo PPB-MG--- 150.000,00 PP
Márcio Reinaldo Dias Moreira PPB-MG--- 150.000,00 PP
Gil Pereira PPB-MG--- 150.000,00 PP
Ciro Nogueira PPB-PE--- 150.000,00 PP
Pedro Correa PPB-PE--- 150.000,00 PP
José Janene PPB-PR--- 150.000,00 PP
Vadão Gomes PPB-SP--- 150.000,00 PP
Odelmo Leão PPB-MG--- 100.000,00 PP
Pedro Henry PPB-MT--- 100.000,00 PP
Pinduca Ferreira PPB-MG--- 75.000,00 PP
Ricardo Barros PPB-PR--- 75.000,00 PP
Zonta PPB-SC--- 75.000,00 PP
João Pizzolatti PPB-SC--- 75.000,00 PP
Romeu Anízio Jorge PPB-MG--- 55.000,00 PP
Nilton Baiano PPB-ES--- 50.000,00 PP
Jair Bolsonaro PPB-RJ--- 50.000,00 PP
Simão Sessim PPB-RJ--- 50.000,00 PP
Júlio Lopes PPB-RJ--- 50.000,00 PP
TOTAL DO PPB--- 1.455.000 ,00
DEPUTADOS-PPS
Athos PPS-MG--- 75.000,00
Paulo Piau PPS-MG--- 75.000,00
Fernando Coruja PPS-SC--- 75.000,00
Dimas Ramalho PPS-SP--- 75.000,00
TOTAL DO PPS--- 400.000 ,00
DEPUTADOS-PRONA
Dr. Carlão PRONA-RJ--- 75.000,00
TOTAL DO PRONA--- 75.000 ,00
Paulo César de Freitas PRTB-MG--- 75.000,00
TOTAL DO PRTB--- 75.000 ,00
DEPUTADOS-PSB
João Leite PSB-MG--- 150.000,00
TOTAL DO PSB--- 150.000 ,00
DEPUTADOS-PSC
Dr. Heleno PSC-RJ--- 50.000,00
TOTAL DO PSC--- 50.000 ,00
DEPUTADOS-PSDB
Juthay Jr. PSDB-BA--- 270.000,00
Danilo de Castro PSDB-MG--- 250.000,00
Eduardo Paes PSDB-RJ--- 250.000,00
Ana Maria Vieira PSDB-MG--- 150.000,00
Herculano Anghinetti PSDB-MG--- 150.000,00
Osmânio Pereira PSDB-MG--- 150.000,00
Toninho Andrada PSDB-MG--- 150.000,00
Vanessa Lucas PSDB-MG--- 150.000,00
Antônio Júlio PSDB-MG--- 150.000,00
Paulo Feijó PSDB-RJ--- 150.000,00
Márcio Fortes PSDB-RJ--- 150.000,00
Antonio Carlos Pannunzio PSDB-SP--- 150.000,00
Aberto Goldman PSDB-SP--- 150.000,00
Nárcio Rodrigues PSDB-MG--- 100.000,00
Djalma Diniz PSDB-MG--- 100.000,00
Alexandre Santos PSDB-RJ--- 100.000,00
Alice Tamborindeguy PSDB-RJ--- 100.000,00
Walter Feldman PSDB-SP--- 100.000,00
João Almeida PSDB-BA--- 75.000,00
Luiz Humberto Carneiro PSDB-MG--- 75.000,00
Domingos Sávio PSDB-MG--- 75.000,00
Ermano Batista PSDB-MG--- 75.000,00
Elbe Brandão PSDB-MG--- 75.000,00
Custódio Mattos PSDB-MG--- 75.000,00
Affonso Camargo PSDB-PR--- 75.000,00
Serafim Venzon PSDB-SC--- 75.000,00
Zulaiê Cobra PSDB-SP--- 75.000,00
Xico Graziano PSDB-SP--- 75.000,00
Antonio Carlos Mendes PSDB-SP--- 75.000,00
Andréia Zito PSDB-RJ--- 70.000,00
Luiz Paulo PSDB-RJ--- 70.000,00
Fahim Sawan PSDB-MG--- 55.000,00
Ermano Batista PSDB-MG--- 55.000,00
Maria Olívia PSDB-MG--- 55.000,00
Affonso Camargo PSDB-PR--- 50.000,00
Aluízio Nunes Ferreira PSDB-SP--- 50.000,00
Carlos Sampaio PSDB-SP--- 50.000,00
Lobbe Neto PSDB-SP--- 50.000,00
Silvio Torres PSDB-SP--- 50.000,00
Walter Barelli PSDB-SP--- 50.000,00
Rafael Guerra PSDB-MG--- 40.000,00
Eduardo Barbosa PSDB-MG--- 35.000,00
TOTAL DO PSDB--- 4.625.000 ,00
Agostinho Patrus PTB-MG--- 150.000,00
Armando Monteiro PTB-PE--- 150.000,00
José Múcio PTB-PE--- 150.000,00
Luis Antônio Fleury PTB-SP--- 100.000,00
Medeiros PTB-SP--- 100.000,00
Nelson Marquezelly PTB-SP--- 100.000,00
Arnaldo Faria de Sá PTB-SP--- 100.000,00
Pastor George PTB--- 75.000,00
Alberto Bejani PTB-MG--- 75.000,00
Fábio Avelar PTB-MG--- 75.000,00
Roberto Jefferson PTB-RJ--- 75.000,00
Dilzon Melo PTB-MG--- 55.000,00
TOTAL DO PTB--- 1.355.000 ,00
4 - Caixa-dois de campanhas. As campanhas de FHC em 1994 e em 1998 teriam se beneficiado de um esquema de caixa-dois. Em 1994, pelo menos R$ 5 milhões não apareceram na prestação de contas entregue ao TSE. Em 1998, teriam passado pela contabilidade paralela R$ 10,1 milhões.
Segundo o ex-funcionário da Siemens, Ronaldo Moriyama (foto menor),
diretor da MGE, e Décio Tambelli, ex-diretor do Metrô, integravam o esquema
Além de subcontratar empresas para simular serviços e servir de ponte para o desvio de dinheiro público, o esquema que distribuiu propina durante os governos do PSDB em São Paulo fluía a partir de operações internacionais. Nessa outra vertente do esquema, para chegar às mãos dos políticos e servidores públicos, a propina circulava em contas de pessoas físicas e jurídicas em paraísos fiscais. Uma dessas transações contou, de acordo com o depoimento do ex-funcionário da Siemens, com a participação dos lobistas Arthur Teixeira e Sérgio Teixeira, através de suas respectivas empresas Procint E Constech e de suas offshores no Uruguai, Leraway Consulting S/A e Gantown Consulting S/A. Neste caso específico, segundo o denunciante, a propina foi paga porque a Siemens, em parceria com a Alstom, uma das integrantes do cartel denunciado ao Cade, ganhou a licitação para implementação da linha G da CPTM. O acordo incluía uma comissão de 5% para os lobistas, segundo contrato ao qual ISTOÉ teve acesso com exclusividade, e de 7,5% a políticos do PSDB e a diretores da área de transportes sobre trilho. “A Siemens AG (Alemanha) e a Siemens Limitada (Brasil) assinaram um contrato com (as offshores) a Leraway e com a Gantown para o pagamento da comissão”, afirma o delator. As reuniões, acrescentou ele, para discutir a distribuição da propina eram feitas em badaladas casas noturnas da capital paulista. Teriam participado da formação do cartel as empresas Alstom, Bombardier, CAF, Siemens, TTrans e Mitsui. Coube ao diretor da Mitsui, Masao Suzuki, guardar o documento que estabelecia o escopo de fornecimento e os preços a serem praticados por empresa na licitação.
de dinheiro público, o esquema valeu-se de operações em paraísos fiscais
Os depoimentos obtidos por ISTOÉ vão além das investigações sobre o caso iniciadas há cinco anos no Exterior. Em 2008, promotores da Alemanha, França e Suíça, após prender e bloquear contas de executivos do grupo Siemens e da francesa Alstom por suspeita de corrupção, descobriram que as empresas mantinham uma prática de pagar propinas a servidores públicos em cerca de 30 países. Entre eles, o Brasil. Um dos nomes próximos aos tucanos que apareceram na investigação dos promotores foi o de Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) nomeado pelo então governador tucano Mário Covas. No período em que as propinas teriam sido negociadas, Marinho trabalhava diretamente com Covas. Proprietário de uma ilha paradisíaca na região de Paraty, no Rio de Janeiro, Marinho foi prefeito de São José dos Campos, ocupou a coordenação da campanha eleitoral de Covas em 1994 e foi chefe da Casa Civil do governo do Estado de 1995 a abril de 1997. Numa colaboração entre promotores de São Paulo e da Suíça, eles identificaram uma conta bancária pertencente a Marinho que teria sido abastecida pela francesa Alstom. O MP bloqueou cerca de US$ 1 milhão depositado. Marinho é até hoje alvo do MP de São Paulo. Procurado, ele não respondeu ao contato de ISTOÉ. Mas, desde que estourou o escândalo, ele, que era conhecido como “o homem da cozinha” – por sua proximidade com Covas –, tem negado a sua participação em negociatas que beneficiaram a Alstom.
Entre as revelações feitas pela Siemens ao Cade em troca de imunidade está a de que ela e outras gigantes do setor, como a francesa Alstom, a canadense Bombardier, a espanhola CAF e a japonesa Mitsui, reuniram-se durante anos para manipular por meios escusos o resultado de contratos na área de transporte sobre trilhos. Entre as licitações envolvidas sob a gestão do PSDB estão a fase 1 da Linha 5 do Metrô de São Paulo, as concorrências para a manutenção dos trens das Séries 2.000, 3.000 e 2.100 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a extensão da Linha 2 do metrô de São Paulo. Também ocorreram irregularidades no Projeto Boa Viagem da CPTM para reforma, modernização e serviço de manutenção de trens, além de concorrências para aquisição de carros de trens pela CPTM, com previsão de desenvolvimento de sistemas, treinamento de pessoal, apoio técnico e serviços complementares.
a derrota de um grupo delas à vitória em outra licitação superfaturada
Com a formação do cartel, as empresas combinavam preços e condicionavam a derrota de um grupo delas à vitória em outra licitação também superfaturada. Outra estratégia comum era o compromisso de que aquela que ganhasse o certame previamente acertado subcontratasse outra derrotada. Tamanha era a desfaçatez dos negócios que os acordos por diversas vezes foram celebrados em reuniões nos escritórios das empresas e referendados por correspondência eletrônica. No início do mês, a Superintendência-Geral do Cade realizou busca e apreensão nas sedes das companhias delatadas. A Operação Linha Cruzada da Polícia Federal executou mandados judiciais em diversas cidades em São Paulo e Brasília. Apenas em um local visitado, agentes da PF ficaram mais de 18 horas coletando documentos. Ao abrir o esquema, a Siemens assinou um acordo de leniência, que pode garantir à companhia e a seus executivos isenção caso o cartel seja confirmado e condenado. A imunidade administrativa e criminal integral é assegurada quando um participante do esquema denuncia o cartel, suspende a prática e coopera com as investigações. Em caso de condenação, o cartel está sujeito à multa que pode chegar a até 20% do faturamento bruto. O acordo entre a Siemens e o Cade vem sendo negociado desde maio de 2012. Desde então, o órgão exige que a multinacional alemã coopere fornecendo detalhes sobre a manipulação de preços em licitações.
Montagem sobre foto de: Carol Guedes/Folhapress (abre); FOTOS: RICARDO STUCKERT; Folhapress; EVELSON DE FREITAS/AE
Fonte: Isto É Independente (Alan Rodrigues, Pedro Marcondes de Moura e Sérgio Pardellas)
Escândalo do Banestado
Sergio
Moro, o MPF e a mídia protegeram FHC
O que é: maior
caso de evasão de divisas do Brasil. Quanto: 128 bilhões de dólares. Quase 720
bilhões de reais ao câmbio atual. Quando: 1996 a 2003. Onde: epicentro em Foz
do Iguaçu (PR), com raio de ação em todo Brasil, Nova Iorque e Bahamas. Origem
do nome: o caso foi descoberto na agência do Banestado, em Foz do Iguaçu.
Investigados: 3 mil pessoas, empreiteiras, mídia, bancos e casas de câmbio.
Condenados: 26 laranjas, nenhum político ou empresário poderoso. Legado: o
modelo de investigação internacional reinventou o papel do Ministério Público
Federal, criou as bases da moderna Polícia Federal para investigar crimes
financeiros, obrigou o Judiciário a criar varas especializadas como aquela que
Sérgio Moro comanda, forçou o Executivo a reequipar a PF e o MPF, e serviu de
modelo para a Lava Jato. Personagens: Procurador do MPF Celso Três e delegado
da PF José Castilho Neto.
COMO
FOI
Mídia
envia dinheiro ao exterior e boicota escândalo. Políticos
e empresários usaram doleiros e laranjas para remeter dinheiro para paraísos
fiscais entre 1996 e 2003, burlando o sistema legal de remessa pelas contas
internacionais conhecidas como CC5 (por isso também conhecido como Escândalo
das CC5). O MPF em Foz do Iguaçu descobriu a fraude porque a agência local do
Banestado enviou para a agência de Nova York cerca de 30 bilhões de dólares – o
total com outros bancos chegou aos 124 bilhões de dólares.
A movimentação
era demais naquele final dos anos 90 e levou o até então desconhecido
procurador Celso Três a começar a investigação. Como o MPF não tinha técnicos e
supercomputadores, quem deu início ao rastreamento de contas pela internet foi
um motorista do órgão. Apaixonado por computadores, ele usou um PC apreendido
de contrabandistas para descobrir a fraude.
O procurador formou
dupla com o delegado federal José Castilho Neto para levar a investigação aos
Estados Unidos, seguindo a trilha do dinheiro enviado para o exterior. A
investigação identificou dezenas de doleiros, entre eles o mesmo Alberto
Youssef delator da Operação Lava Jato, e cerca de 3 mil laranjas (pessoas
comuns, usadas por políticos e empresários para enviar dinheiro em seus nomes).
Foram flagrados
com remessas ilegais os políticos Jorge Bornhausen, José Serra, Sérgio Motta
(já falecido), Ricardo Oliveira (operador nas campanhas de FHC e José Serra) e
até o jovem Carlos Alberto Richa (Beto Richa), hoje governador do Paraná, que
remeteu 1 milhão de dólares. Quase todos eram da cúpula do governo FHC. O
doleiro Youssef foi preso e tornou-se delator pela primeira vez. O trabalho do
procurador e do delegado deu base para a abertura de uma CPI, em 2003.
A mídia promoveu
boicote depois que foram apresentados documentos de remessa ilegal de dinheiro
pela Rede Globo, Editora Abril, RBS e Correio Braziliense. No front político, a
investigação do Banestado morreu na CPI. No front jurídico, o MPF e a PF foram
esvaziados, perdendo poderes. Ainda em 2003, quase no final, um novo juiz
assumiu o caso: Sérgio Moro. Mas as investigações não avançaram. O
procurador e o delegado foram afastados. A investigação foi desmembrada, numa
decisão que depois se mostrou equivocada ou, quem sabe, muito bem calculada
para chegar aonde chegou: a nada. Cada laranja deveria enfrentar processo em
seu domicílio fiscal, em dezenas de comarcas pelo Brasil. Houve 91 prisões de
”peixes miúdos”, do quais só 26 foram efetivamente fisgados. Muitas das ações
ainda estão dormindo nos tribunais. Parece que a Justiça se desinteressou
depois que o Mensalão (2004) pintou na mídia.
O escândalo na Era FHC, entre 1996
e 2003, juiz Sérgio Moro. O juiz premiado que protegeu aos poderosos do PSDB,
incluindo também membros do Poder Legislativo e da grande imprensa.
Valores da
corrupção: 124 bilhões de dólares, levados e lavados no exterior.
Envolvidos
grandes empresas (Globo - RBS/SC) e políticos.
E o Judiciário,
no primeiro grande caso nas mãos de Moro, jogou pesado com laranjas e tão
somente com eles e não foi adiante. O Procurador Celso Três e o Delegado José
Castilho levantaram as denúncias, mas suas carreiras acabaram quando
denunciaram tucanos e seus aliados, suas carreiras estagnaram por apontar
culpados.
Ele é considerado
precursor no uso das técnicas de investigação adotadas pelas equipes da PF. Castilho
já tinha trabalhado com o juiz Moro no Banestado, onde rastreou contas
internacionais de empresários e políticos. Foi o primeiro a prender o doleiro
Alberto Youssef, o delator zero do Petrolão.
Castilho revela
mágoas por ter sido afastado na transição do governo FHC para Lula “pela
panelinha que comanda a PF”, mas acha que a vida é assim, “é a dinâmica do
poder”. Ele atribui sua queda e exílio em Joinville (depois de outros postos
menores ainda) porque “fiz a denúncia pública dos nomes de gente poderosa cujas
contas no exterior foram reveladas, entre eles Jorge Bornhausen, José Serra,
Sérgio Motta e do operador de FHC, Ricardo Oliveira”.
Castilho lembra
que estava em Nova York trabalhando no rastreamento quando foi chamado de volta
e afastado da operação. Foi quando ele procurou a mídia para fazer as
denúncias. Encontrou um paredão, porque entre as empresas que usaram o recurso
ilegal de enviar dólares para o exterior estavam Rede Globo, Editora Abril, RBS
e Correio Braziliense.
Seu momento de glória
foi fazer a denúncia na Record, num programa nas altas horas, audiência quase
zero. Castilho foi a estrela, levando nomes de 3 mil pessoas com contas em
dólar no esquema, entre mandantes e laranjas. Ele brandiu o livro no ar no
plenário da Câmara, sem sucesso: “Havia gente poderosa envolvida, tinha gente
lá de dentro, é claro que iriam abafar e foi o que fizeram”.
Sou contra a
corrupção. Acho que o pessoal do PT aprendeu como se fazia no Banestado e
preferiu não mexer no esquema”. O Banestado sumiu da mídia quando começou o
Mensalão. E o Petrolão substituiu o Mensalão. Ele acredita que “por muito
tempo a maior operação da PF foi a ‘cortina de fumaça’, qualquer coisa que não
chegasse ao núcleo do poder”. Castilho acha que “no governo FHC não havia interesse
em ir fundo, porque era um governo corrupto.
Ele fala com a
autoridade de ter sido o primeiro procurador federal a seguir a trilha de
volumosa quantia de dinheiro desviado do Brasil para o exterior – o Escândalo
Banestado em 2003. Um trabalho de investigação monumental, sem os recursos que
o MPF tem hoje.
Celso Três
comandou o inquérito das contas CC5 do Caso Banestado. O modelo de investigação
quebrou o sigilo de milhares de pessoas e empresas, flagrando as
irregularidades.
Ele ainda hoje
mantém cópia dos volumes do inquérito em seu gabinete. Gosta de exibi-los aos
interessados. “Nunca se pôde fazer justiça porque o governo FHC tinha altos
membros envolvidos. Parte do dinheiro serviu para compra de votos para a
reeleição dele, outro escândalo da época”, lembra, manuseando os documentos.
“Nós do MPF
tivemos que desmembrar cada ação por domicílio fiscal dos suspeitos, o que se
tornou um pesadelo. O Banco Central e a PF nunca colaboraram efetivamente, até
atrapalhavam as investigações, visivelmente por ordem do Executivo. Por causa
disso os principais mandantes nunca foram presos”.
Celso diz que “os
efeitos do caso Banestado até hoje são sentidos. O atual governador do Paraná,
Beto Richa, tinha despachado para o exterior 1 milhão de dólares, sem comprovar
a origem do dinheiro”.
Ele exibe
documentos e mostra que o Banco Araucária (do ex-senador e governador biônico
catarinense Jorge Bornhausen) enviou para o exterior 2,4 bilhões de dólares.
“Nossa
experiência de combate à corrupção serviu como modelo para a Lava Jato. Não
pudemos avançar porque a CPI deu em pizza. E um dos entraves foi quando
flagramos a Rede Globo e a RBS mandando dinheiro para fora”.
A carreira de Três declinou depois que ele fez as denúncias da mídia para a mídia – nunca foi indicado para nenhum prêmio. Pior: só recebeu ameaças de morte. Foi movido para outras comarcas. Lotado em Santa Catarina no ano 2000, iniciou um processo que o botou na geladeira de vez: tentou quebrar o monopólio da RBS (repetidora da Globo) no estado. Ele sustenta que a empresa “monopolizou a imprensa em SC, controla rádio, jornais e TVs, ferindo a Constituição”. O caso ainda está pendente de decisão do TRF4, em Porto Alegre. Celso Três é procurador em Novo Hamburgo, no interior do Rio Grande do Sul.
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